29 de setembro de 2013

Um acto de amor

Li a BD Le bleu est une couleur chaude da última vez que estive em Paris, nesta mesma livraria, e foi a primeira vez que li uma banda-desenhada por inteiro desde que as tinha abandonado, bem jovem, para as imagens em movimento. Hoje, lembro-me dos que falam do cinema antigamente - que os filmes viviam na cabeça dos espectadores ainda antes de serem vistos, quando chegavam aos nossos olhos apenas pela palavra, textos de correspondentes, e pela crítica (sem Internet, sem marketing electrónico). Hoje, La vie d'Adèle, o filme, vive de tal forma na minha cabeça que os batimentos que recebo dele no meu coração apenas me mostram o que, muitas vezes, é esquecido: o cinema, na sua essência, não muda e não morrerá independentemente das formas que vier a tomar. É com as nossas emoções que ele lida, e a sua forma fantasmagórica ou espiritual - como queiram -, age sempre do mesmo modo: entra dentro de nós, sorrateiramente, mexe com o que somos, lê as nossas fantasias, e faz correr o nosso sangue a outra velocidade. É um acto de amor. Até quando foge depois, filme visto, do nosso corpo, e nos faz sempre andar atrás dele, tal a sua marca. Sofro um bocadinho por não saber quando é que poderei ver o filme, mas por outro lado, é como quem sofre um pouco por saber que ainda não pode ver a pessoa que ama. Quando nos encontrarmos, esse amor será maior e os beijos mais apaixonados.

19 de setembro de 2013

"Ils pensaient à la mort comme à un fruit de l'amour, à quelque chose qu'ils atteindraient ensemble, peut-être demain."

(Jules et Jim, Henri-Pierre Roché)

13 de setembro de 2013

"Gosto de pensar no espectador não como um consumidor mas como um cidadão."

Victor Erice (Ípsilon, 13/09/13)

11 de setembro de 2013

À quoi penses-tu, Séverine?

É noite escura e os meus olhos começam a fechar com sono. Mas sei que o que guardo em mim e para o qual ainda não descobri palavras irá deixar-me despertado até que seja o sonho a conquistar-me, lentamente. Como se me esquecesse, por fim, de querer saber como montar a vida que vivemos, deixando-me depois levar por um imaginário onde a contradição não tem valor e o seu poder se deseja apaixonado. Si vous aimez l'amour, vous aimerez le surréalisme.

5 de setembro de 2013

"Ce n'est pas l'amour qui dérange la vie, mais l'incertitude d'amour. Je suis sans espoir, je sais seulement qu'il faut tenir, il faut tenir, il faut tenir. La vie est faite de morceaux qui ne se joignent pas."